sexta-feira, 18 de setembro de 2009

História do Cemitério Luterano

Encontrei a história do Cemitério Luterano de Curitiba e resolvi comparilhá-la.
Esta história mostra a convicção de fé dos primeiros imigrantes alemães protestantes. Estas pessoas, com coragem e determinação, não ficaram indiferentes diante da indiferença com que eram tratadas. Ao invés de deixar-se sucumbir pela religião do estado (católica), elas buscaram o respeito e a igualdade.
Hoje, vejo o quanto é fácil as pessoas logo desanimarem com a sua igreja e, diante das diferentes ofertas religiosas, saem e frequentam a igreja que mais lhe promete vantagens e prosperidade.
Certamente que naquela época ser luterano denotava muito mais compromisso do que hoje.
Bem, segue o texto, ele fala por si!

O Cemitério Protestante

"Dia frio, de céu claro e pouquíssimas nuvens. Típica manhã de inverno, depois de um madrugada de geada. O ano de 1856 transcorria na pacata Curitiba. Agitação apenas no Palácio do Governo da Província, onde o presidente vicente Pires da Mota comandava, com antecedência de três meses, os preparativos para o terceiro aniverário da Emancipação política do Estado, comemorado em 19 de Dezembro.

A tarde substituía quela manhã de céu claro, e com ela chegava a notícia da morte do alemão Johann Friedrich Prohmann, nascido em Hannover, e, que trocara o país deorigem por uma chácara no bairoo Mêrces. Após as cerimônias Luteranas, o cortejo fúnebre segue para o único cemitério da cidade na época, o Cemitério Público, hoje, Municipal.

Na chegada, a imagem do padre, de braços abertos, frente ao portão. Ao contrário doimaginado, não era uma recepção fraterna. Foram todos barrados, ainda na entrada. Era um cemitério para católicos, alegou o padre. O enterro ficaria condicionado à conversão de toda a família Prohmann, alemã de coxas brancas, ao catolicismo. A negativa, foi unânime.

Foi quando o padre, então, com uma intenção conciliatória, sugeriu o enterro "extra muros". Asepultura seria aberta ali mesmo, mas do lado de fora do "campo santo". Quando o cemitério fosse ampliado, argumentava o padre, no futuro, o túmulo protestante poderia também ser abarcado. Mas enterrá-lo ali não. Os Prohmannm indignados com as sugestões propostas, retornam às Mercês para outra noite de velório. O frio curitibano ajudava na conservação do corpo.

Era o dia 22 de agosto quando parentes e amigos do morto elegeram uma colina, lá para os Altos da Glória, para enterrar o cadáver. A sepultura estariarodeada de palmeiras, aroeiras e arbustos. Um túmuo solitário, cercado de vegetação nativa. A notícia correu a cidade. Oalemão tinha sido enterrado fora do cemitério. Ao saber do ocorrido, o prefeito Carl Augusto Stellfelf desaprpriou uma área em torno da sepultura e doou-a à Comunidade Evagélica Luterana. Foi assim que nasceu o Cemitério Protestante de Curitiba."
(Autor: Rentao Emílio Coimbra. Texto final: jornalista Luiz Henrique Weber)


terça-feira, 8 de setembro de 2009

Conselho de Deus



Epitáfio encontrado no Cemitério Luterano em Curitiba:
"Es ist bestimt in Gottes Rat.
Dass man vom Liebsten
Was man hat muss scheiden."

Uma tentativa de tradução:
"É certamente do conselho de Deus que precisamos nos separar do que mais gostamos."

Este epitáfio mexe muito comigo!!

terça-feira, 16 de junho de 2009

A Morte na Fala do Povo




A MORTE NA FALA DO POVO

A
Abalar-se para o além
Abarcar os sete palmos
Abecar a dama negra
Abonar o coveiro
Abotoar o paletó
Abotoar o pijama de madeira
Abreviar a viagem
Acampar no cemitério
Ajuntar os pés
Amanhecer olhando o dedo grande do pé
Apitar
Apresentar-se ao papa do inferno
Atacar o paletó
Atingir a reta da chegada
Atolar o carro
Arriar a bandeira

B
Bacafuzar-se
Badalar o sino
Bater a alcatra na terra ingrata
Bater a biela
Bater a bola
Bater a pacutinga
Bater a paquera
Bater a passarinha
Bater as botas
Bater o pacau
Bater o vinte e sete
Bater o vinte e um

C
Cair no esquecimento
Casar com a mulher da foice
Cessar a suspiração
Chegar a hora
Chegar ao fim da estória
Chispar no cavalo da morte
Coalhar o sangue
Comer terra na cara
Comer pão de terra
Comer capim pela raiz
Cumprir a vontade de Deus

D
Dar adeus a jerimum
Dar com o rabo na cerca
Dar o banzé
Dar o couro à vara
Dar o créu
Dar o último suspiro
Defuntar
Deixar de comer farinha
Deixar de viver
Desarmar a tenda
Descansar
Desencadernar
Desligar a tomada
Desocupar o beco
Dizer adeus ao mundo

E
Embarcar
Embiocar
Enfrentar São Pedro
Engajar no batalhão da morte
Entrar no rol dos bons
Entregar a alma a Deus
Envelopar-se
Espichar a canela
Estancar o motor
Estar na terra da verdade
Estar na terra de onde não se volta
Esticar o cambito
Esticar o molambo
Esticar o pernil
Esvaziar os pneus

F
Falecer da vida presente
Fazer a última viagem
Fazer companhia aos defuntos
Fazer gosto ao cão
Fazer a vontade de Deus
Fechar a sueca
Fechar o furico
Fechar os olhos
Ficar de olho vidrado
Findar
Fumar-se

G
Ganhar o descanso eterno
Gastar a mola
Guardar a ferramenta

I
Inteirar o tempo
Ir dar conta do feijão que comeu
Ir desta para melhor
Ir para a buíca
Ir para a cidade de pés juntos
Ir para o Acre
Ir para o buraco de camunda
Ir para o envelope
Ir para o vinagre
Ir pro beleléu
Ir-se

L
Largar a casca
Levar bandeira a meio-pau
Limpar o lugar
Liquidar o negócio

M
Mascar barro
Morar na pensão de Santo Amaro
Morrer na vez que lhe coube
Mudar de planeta
Mudar-se para o cemitério
Mudar-se
Muquecar-se

N
Não comer mais feijão
Não comer mais pirão

P
Passar
Passar desta para melhor
Pedir baixa
Pegar o expresso de madeira somente com passagem de ida
Peitar a parca
Perder o garrão
Perder o rumo da seguição
Picar a mula
Pifar
Pitar macaia
Promover-se a defunto

Q
Quebrar o rabicho
Quebrar a tira
Queimar o fusível
Queimar a piriquita

R
Rachar o quengo
Receber as incelenças
Refinar a rapadura
Render a alma ao criador
Render o espírito
Render o fôlego

S
Sair da cancha
Saldar as dívidas
Secar o mucumbu
Selar os olhos
Sustar o jogo

T
Tomar a benção a São Pedro
Tomar chá de buraco

V
Ver o céu por dentro
Vestir pijama de madeira
Viajar
Virar defunto
Virar picolé
Visitar São Pedro
Voar no pau


(Extraído de Maior, Mário Souto. "A morte na fala do povo". In Revista brasileira de folclore, ano XII, nº 36, maio/agosto de 1973. Ministério da Educação e Cultura, Departamento de Assuntos Culturais)